quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Basta de exploração!!!

Vão acabar com 4 feriados e cortar 3 dias de férias. Já vão mais 7 dias de trabalho à borla.

Mas o mais grave é que as empresas passam a ter à sua disposição uma “bolsa de 150 horas” por ano, com que podem fazer os empregados trabalharaté 10 horas por dia, durante 75 dias úteis (mais de 3 meses por ano). Estas horas não são pagas mas sim descontadas no horário laboral. No final das contas é mais 3 semanas, 1 dia, 3 horas e 15 minutos de trabalho à borla por ano. Porque deixam de receber horas extraordinárias que são melhor pagas.

Já vai um mês de trabalho à borla.

As empresas poderão também impor pontes aos trabalhadores a descontar nos seus dias de férias, perdendo os trabalhadores controlo sobre dias das suas férias.

É por isto que a UGT está contente e grita vitória? Por terem aceite isto em lugar do aumento de meia hora de trabalho diário quando esse aumento dava que íamos trabalhar mais 23 dias por ano à borla? É que o aumento dos dias de trabalho à borla ficou pior e perdemos mais com as implicações da “bolsa de 150 horas” e com a perda de controlo sobre dias das nossas férias. A UGT é uma vergonha!

O trabalhador, para as troikas portuguesas Governo+Patrões+UGT e PSD+CDS+PS (sim, porque o PS concorda com isto) é mais uma máquina do que um Ser Humano... 10 horas diárias durante mais de 3 meses!!! E a família??? E o lazer???E o cansaço??? E o perigo dos acidentes de trabalho??? Não sabem que a capacidade produtiva começa a baixar significativamente e cada vez mais depressa a partir das 6 horas de trabalho, aumentando erros e desperdícios de matéria-prima???

Mas também vão facilitar os despedimentos, reduzir as indemnizações de despedimento, reduzir o subsidio de desemprego e usar dinheiro da Segurança Social para subsidiar as empresas que procuram trabalho barato.

É este acordo que vai contribuir para aumentar o emprego ou para resolver o problema económico de Portugal?

Vamos é dar continuidade a um modelo económico falhado, com baixa produtividade, que também é fortemente responsável pelo estado actual de Portugal. Mesmo sem este acordo, na Europa, somos dos países onde se trabalham mais horas e com piores salários, em empresas menos competitivas e menos produtivas. Além de que, em Portugal, os custos de energia e outros factores de produção são bastante mais pesados para as empresas de que os custos do trabalho. E ainda temos de contar com a incompetência empresarial e de organização do trabalho. Neste contexto, o acordo das troikas são mais um incentivo para continuar a fazer mais do mesmo e mantendo o atraso da nossa economia.

Esteve bem a CGTP ao recusar isto. Portugal tem futuro! Mas esse futuro não é o das troikas, não é o aumento do desemprego e da pobreza, não é a transferência de riqueza das classes médias e baixas para as classes mais altas. Em 1975 cerca de 60% da riqueza produzida em Portugal ia para salários, actualmente só cerca de 40% da riqueza produzida vai para salários. Basta de exploração!!!

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