Li na revista Visão de 18/10/2008: Google vai subir 10% os vencimentos dos seus 23.000 funcionários para evitar que fujam para a concorrência mas a Bolsa não gostou e as acções da empresa caíram. No jornal Público de 26/01/2009 também li: “Bolsa de Nova Iorque valorizava apesar dos anúncios de mais despedimentos”.
Parece-me que a questão não é “apesar” mas sim “com”. Agora não tenho tempo para ir procurar mas li num livro o levantamento de uma lista de empresas americanas, na década de 1990, que sendo lucrativas e com futuro viam as suas acções em queda na Bolsa e com subidas vertiginosas do valor das acções com o anúncio de despedimentos.
A economia de Bolsa deu nisto. Não interessa o futuro a médio e longo prazo, apenas os resultados trimestrais e uma pressão enorme para lucros de curto prazo e não lucros sustentáveis a médio e longo prazo. Acresce que os trabalhadores passaram a serem classificados como um custo da empresa e não como um activo. Os seres humanos deixam de o ser para passarem a ser coisas, objectos. O trabalho tem papel social central na estruturação das sociedades modernas mas deixa-o de ter sendo considerado um custo.
A economia de Bolsa que é um fim em si mesmo e não um meio para o desenvolvimento das sociedades humanas só pode conduzir ao desastre.
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