Não sei se tenho vontade de escrever. Vejo o meu Portugal a cair num poço sem fundo e parece que a maioria dos portugueses não estão a ver bem o que se está e o que se vai passar. E atiram-me logo que não há outra solução e que o Estado não tinha dinheiro para pagar salários se o FMI e a troika não tivessem vindo. NÃO, não aceito esta conversa.
Não aceito porque não devo dinheiro a ninguém, nem nunca vivi acima das possibilidades, como tanto dizem ter sido um problema. Não, não roubei 3 ou 4 mil milhões de euros no BPN. Não, nunca fiz nenhuma obra para o Estado que era para ter custado 500 milhões e depois custou o dobro. Não, não fiz nenhuma parceria pública-privada com o Estado em que o Estado é chulado aos mil milhões de euros à força toda. Não, não sou nenhum consultor ou advogado, geralmente coloridos, dos que embolsaram contratos manhosos com o Estado de mil milhões não sei quantas vezes. Não, não estive no Governo e destruí a indústria, a agricultura, as pescas e o pequeno comércio. Não, não estive na política e recebo algumas dezenas ou centenas de milhares de euros todos os anos de grandes empresas que só pode ser para influência e favores.
Portanto se o Estado não tem dinheiro foi porque alguns roubaram dezenas e até mesmo centenas de mil milhões de euros. Chamem essa gente à justiça, procurem o dinheiro e não se pode pagar dívida que foi feita aldrabando o Estado.
As políticas de Passos-Portas-PSD-CDS vão causar uma grande crise, mais pequenas empresas vão fechar, mais desemprego, mais pobreza e menos receitas para o Estado e mais buracos e mais cortes e mais crise e mais cortes e mais crise...
E sim há sempre outra alternativa. Lembro-me que há uns meses diziam que sair do Euro para se ter uma moeda nova desvalorizada para se reduzir importações, estimular a produção nacional e aumentar as exportações, era de loucos significaria um empobrecimento de 20% da população. Agora é o próprio Governo ou os seus ideólogos neo-liberais que dizem que vivíamos acima das possibilidades e temos de empobrecer 20%. Mas ficamos à mesma com uma moeda Euro forte e fora do nosso controlo.
Há uns meses falava-se em renegociar a dívida e eram loucos os que falavam nisso. Entretanto já a União Europeia falou em alargar prazos de pagamento e já se fala em perdoar 50% da dívida da Grécia. Há sempre uma alternativa.
Renegociar as parcerias publico-privadas é menos 1 mil milhões. Cortar o desperdício no Estado e optimiza-lo é menos 1 mil milhões. Cortar mil milhões em assessorias de gabinetes de advogados e similares. Taxar o capital (é mais uns mais mil milhões) e não carregar somente sobre o trabalho e o consumo. É pá, são governantes, trabalhem que vão lá chegar.
Mas NÃO podemos contar com este Governo Passos-Portas-PSD-CDS. Não querem procurar alternativas. São ortodoxos. Não podem ir contra os seus patrões, os bancos e as grandes empresas que foram quem criou esta crise portuguesa. Prometeram uma coisa e agora fazem o contrário. Seguem um programa neo-liberal de favorecimento do capital e esmagamento do trabalho, como em quase toda a Europa. É por isso que aumentam o horário de trabalho para trabalharmos mais mas de borla. A base de uma sociedade nova tem que ser o trabalho, valorizado economicamente e socialmente. O trabalho e não a preguiça, a esmola ou o subsidio tem que ser a principal forma de distribuição da riqueza. Os salários eram 56% do PIB português em 1973, em 1975 passou para 69% e em 2009 apenas 52%.
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