terça-feira, 12 de julho de 2011

O bom e ruim



O bom e ruim
por Francisco Dias Bexiga

Quem é ruim, não vale nada
Quem é bom, hoje nada vale
Por isso, meu camarada,
Não percebo Portugal

Às vezes ouço falar
Muito contra a um ladrão
Que devia ir p’ra prisão
Para nunca mais roubar.
Dizem que se devia matar
Aquele bala safada,
Que só merece é pancada
E só tem é malvadez.
Amigo, pois tu não vês,
Quem é ruim, não vale nada

Também há quem mal diga
Dum triste pobrezinho
Que vai pedir um bocadinho
Que a necessidade obriga.
Ele quer encher a barriga
Tem sido sempre leal
É bondoso, não faz mal,
Anda no mundo penando
E mesmo assim ficam dizendo
Quem é bom, hoje nada vale

Junta-se o ladrão e o pobre,
São bem diferentes na vida,
Mede-nos na mesma medida
Porque nem um nem outro é nobre;
Porque o rico nunca encobre
O que domina a enxada
Quer ver a terra cavada
Mas não vê o que lhe custa
Devia comer à justa
Por isso, meu camarada.

A saber qual é culpado
Destes três que publiquei
Me parece até que sei:
É o que não anda falado.
Assim anda tudo errado
Como eu, também, ando igual
Mas a razão afinal
A crer explicá-la bem
Rouba o rico a quem não tem
Não percebo Portugal

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